A emigração portuguesa é uma das marcas mais contundentes destes duros anos.
Os valores actuais só têm paralelo com a grande vaga de 1960, em plena guerra colonial e sob o jugo da ditadura. E os dados disponíveis estão longe de contar tudo, na medida em que muitos não alteram a sua residência.
A propaganda do actual Governo transmite a ideia de uma vaga emigratória «sexy», motivada pela procura de realização pessoal e profissional, encetada por jovens «empreendedores» e altamente qualificados para quem o mundo é um espaço de trabalho aberto e dinâmico.
Certamente que os haverá, mas a realidade – e por realidade entendem-se os traços dominantes da brutal vaga emigratória - não tem nada a ver com isto.
Na realidade, para a maioria dos portugueses que saem do país, a emigração é uma derrota e não raras vezes uma tragédia pessoal que desfaz famílias. É o fim da linha após o esgotamento de todas as opções em situação de desemprego, direcciona-se para funções desqualificadas, enfrenta baixos salários nos países de destino e, em muitos casos, desemprego e pobreza.
Os dados são do Observatório da Emigração e confirmam outros já reportados pelo INE, OCDE e projecto Generation E:
Este é o retrato negro dos que partem: há um drama social e económico em todos os bilhetes de ida sem data de regresso. Perante isto, os elogios à emigração forçada por parte de PSD e CDS são a confirmação da sua falência como projecto de poder. Urge mudar para que Portugal deixe de ser um imenso ponto de partida.