Call-centers em debate na Assembleia da República
15 Mar 2019

As condições laborais nos call-centers estiveram hoje novamente em debate na Assembleia da República por iniciativa do Partido Socialista.

«O PS propõe que o Governo, através do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, elabore um estudo sobre a realidade dos call center em Portugal que seja centrado nas dimensões relevantes para o bem-estar físico e psicológico dos trabalhadores», revelou o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro durante a apresentação do projecto de resolução do PS, que foi hoje aprovado no Parlamento.

O parlamentar reafirmou a disponibilidade do Partido Socialista em regulamentar esta profissão e garantiu que o quer fazer «sem colocar o carro à frente dos bois». «Queremos conhecer para melhor agir, estudar para depois intervir, não fazendo tudo ao mesmo tempo para evitar que na prática tudo fique na mesma». afiançou.

Tiago Barbosa Ribeiro relembrou que «o trabalho na maioria dos call centers é exercido de forma ininterrupta por longos períodos de tempo em cada jornada, com implicações na duração e qualidade das pausas, mas que vai muito para além disso, com questões de segmentação, de tarefas repetitivas, de especialização, de execução de tarefas com pouca autonomia que provocam uniformização, desgaste psicológico, grande exigência física e emocional».

«A tudo isto acrescem várias denúncias e relatos de recurso a muito trabalho temporário e à existência de uma larga franja de baixos salários», alertou. Ora, para o Partido Socialista é de extrema importância substituir este modelo onde mais lucro corresponde a menos salário por um modelo com mais justiça e mais redistribuição.

O PS quer mudar esta realidade e, para o fazer, precisa de saber onde estão as más práticas, isolá-las e criar condições para que sejam eliminadas. «Damos assim um passo muito relevante para que, em breve, consigamos regulamentar a profissão tendo por base uma radiografia social e laboral fidedigna, envolvendo o maior consenso possível com a Assembleia [da República], o Governo e os parceiros sociais», defendeu Tiago Barbosa Ribeiro.

O parlamentar assegurou que o PS não pode aceitar que más práticas manchem todo um sector, nem admite «que ele se mantenha como uma espécie de lado negro das relações laborais em Portugal».

 

Vídeos

Intervenção inicial

 

Respostas

partilhar