Governo cria instabilidade para domesticar instituições
30 Abr 2024
Governo cria instabilidade para domesticar instituições

O vice-presidente da bancada socialista Tiago Barbosa Ribeiro acusou hoje o Governo de utilizar “falsos argumentos” para demitir toda a direção da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e anunciou que o PS apresentou um requerimento para ouvir com caráter de urgência a provedora Ana Jorge e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

“A situação parece-nos preocupante, porque revela um padrão da atuação do Governo” de Luís Montenegro, que “está a encontrar um conjunto de pretextos para, de forma intempestiva, substituir um conjunto de dirigentes nas diferentes instituições do Estado, procurando domesticá-las e colocar pessoas politicamente alinhadas com o Governo”, denunciou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS em declarações à comunicação social, no Porto.

Dando o exemplo da demissão da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, Tiago Barbosa Ribeiro esclareceu que o Executivo “está a criar um conjunto de instabilidade que tem como único fundamento substituir pessoas que sejam mais domesticáveis pelo Governo”.

Focando-se na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o dirigente socialista defendeu que a decisão conhecida ontem é “profundamente radical”.

O caso “é absolutamente inusitado”, porque a provedora Ana Jorge e a sua direção estão em funções há sensivelmente um ano, estando “a ser feito um processo de reestruturação, um processo de reequilíbrio financeiro da instituição”.

“Parece-nos profundamente radical, porque, de um momento para o outro, o Governo encontra um conjunto de falsos argumentos para demitir toda a direção da Santa Casa da Misericórdia e fazê-lo tendo por base, naturalmente, a substituição por um conjunto de responsáveis que sejam politicamente alinhados com o Governo”, reafirmou.

Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista deu ontem “entrada na Assembleia da República de um requerimento para audição com caráter de urgência da Dra. Ana Jorge e da Sra. ministra para poderem ir ao Parlamento explicar esta situação”, vincou.

“O PS vê com profunda preocupação a atuação do Governo no assunto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas também no assunto da retenção de impostos no âmbito das pensões”, frisou o socialista.



PSD fez declaração politicamente falsa sobre pensões


Relativamente à questão das pensões, Tiago Barbosa Ribeiro comentou que “a situação ainda é mais caricata”. “O PSD fez uma declaração politicamente falsa tendo por base argumentos que são completamente absurdos”, lamentou.

O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS explicou que “não foi feito nada de diferente do que tem sido feito todos os anos”: “Foi feita uma retenção temporária nas pensões de janeiro. A AT só comunicou as tabelas definitivas no final de dezembro quando as pensões de janeiro já tinham sido pagas, mas não há aqui nenhum eleitoralismo, porque a retenção a mais foi um universo superior, nós falamos em cerca de 350 mil pensionistas, dos quais 180 mil tiveram uma retenção superior àquilo que deveriam ter direito e cerca de 140 mil tiveram uma retenção inferior àquilo que deveriam ter direito, portanto há um conjunto de pensionistas que vão agora receber mais com o acerto do que o contrário”.

“Isto é exatamente o oposto de eleitoralismo”, assegurou Tiago Barbosa Ribeiro, que voltou a acusar o Governo de estar a procurar “um pretexto para substituir mais um dirigente, neste caso do Instituto da Segurança Social”.

“Esperamos que assim não seja e estaremos vigilantes. Iremos escrutinar esta matéria também na Assembleia da República”, garantiu.


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